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Câncer de pele: o que você precisa saber
Você sabia que o câncer de pele é o tipo de câncer que mais ocorre na população brasileira? Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) cerca de 31,3% de todos os cânceres que ocorrem no Brasil são os chamados câncer de pele não melanoma. Mas afinal, o que significa isso?
O câncer de pele pode ser divido em dois grupos: o grupo do câncer melanoma e câncer não melanoma. Essa divisão acontece pois o comportamento, a incidência, história natural da doença e o tratamento são diferentes, apesar de todos serem originados do mesmo órgão.
Os tipos de câncer de pele não melanoma têm seu nome de acordo com a sua origem celular nas camadas da pele, e os principais representantes são:
- Carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermoide
- Carcinoma basocelular
- Carcinoma de células de Merkel
Aspectos básicos da nossa pele:
A pele é o maior órgão do corpo humano, ela tem função de nos proteger do meio ambiente e de micro-organismos, servindo como uma barreira natural. Além disso, ela tem capacidade de controlar a temperatura do nosso corpo e nos proteger contra a perda de água para o meio externo. Também possui células especializadas e neurônios que nos permitem interagir com o meio ambiente, por meio das sensações de frio, calor, tato e sensibilidade.
A pele pode ser dividida em 3 camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo (hipoderme). Veja abaixo essas camadas (figura 1):

Figura 1: principais camadas da pele
A epiderme é a camada mais superficial e possui as células onde podem se desenvolver os principais tipos de câncer de pele. Ela pode ser dividida em 5 outras camadas, também chamadas estratos, conforme podemos ver na Figura 2, abaixo:

Figura 2: estratos da epiderme e células presente em cada uma delas. Em vermelho estão as principais células de origem de alguns cânceres de pele.
O carcinoma espinocelular ou epidermoide tem esse nome pois sua origem vem das células do estrato espinhoso. Da mesma forma, o carcinoma de células basais e o carcinoma de células de Merkel são originados da camada basal e da célula de Merkel, respectivamente. Já o melanoma é originado do melanócito, também presente na epiderme, mas falaremos sobre o melanoma em outro artigo.
Principais fatores de risco para câncer de pele
Radiação solar
O principal fator de risco para desenvolver câncer de pele é a exposição contínua e acumulativa a radiação solar. Esta radiação pode danificar o DNA das células e causar mutações que culminarão em um câncer de pele.
Existem vários tipos de radiação emitidas pelo sol:
- Radiação ultravioleta (UV) que pode ser dividida em UVA, UVB e UVC
- Luz visível (com destaque para luz azul)
- Luz infravermelha
Os principais vilões no câncer de pele são os raios UVA, UVB e a luz visível azul, que podem causar danos a nossa pele. UVA e UVB são mais conhecidos e difundidos, porém a luz visível azul frequentemente é ignorada. Ela também é emitida por aparelhos eletrônicos, como celulares e computadores, porém estudos mostram que a quantidade de radiação emitida é muito menor que a radiação emitida pelo sol e não é prejudicial à saúde. De qualquer forma é importante se atentar principalmente a protetores solares que possuem também proteção para luz visível azul e não apenas a UVA e UVB. Já a luz infravermelha não causa danos a pele.
A camada de ozônio tem um papel fundamental em filtrar grande parte da radiação solar. Por exemplo, os raios UVC são extremamente nocivos a pele, mas a camada de ozônio consegue filtrar 100% desta radiação, portanto não estamos expostos a ele. Veja a Figura 3, a seguir, para entender melhor sobre:

Figura 3 (fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7180973/):
A radiação emitida pelo sol possui níveis de energia, sendo maior na radiação UV e menor na radiação infravermelha, conforme pode ser observado na parte superior da figura. Além disso, cada radiação possui um comprimento de onda, sendo isto determinante na profundidade de agressão a nossa pele. Vemos que os raios UVC são totalmente filtrados na camada de ozônio e 0% está presente na superfície da terra. Quanto aos raios UVB, 10% estão na superfície da terra e devido sua alta energia causam danos a pele na camada mais superficial da epiderme, podendo gerar queimaduras importantes. Os raios UVA e a luz visível azul podem atingir camadas mais internas da epiderme e causar mais danos a nível do DNA celular.
Fototipo
Você já se perguntou porque temos uma variedade de cor da pele, olhos e cabelo? Isso ocorre devido a produção de melanina pelos nossos melanócitos estimulados pela luz solar. Essa produção, além de dar cor a nossa pele, olhos e cabelos, também nos protege contra a radiação solar, e diminui os danos do DNA das células que estão se replicando. Desta forma é muito mais comum vermos o câncer de pele em pessoas claras, que produzem pouca melanina e consequentemente estão mais desprotegidas.
O doutor Fitzpatrick, foi um médico norte-americano que em 1976 criou a classificação de fototipos, baseados na cor da pele, olhos e cabelos e na reação da pele após exposição solar. Através desta classificação conseguimos determinar as pessoas que estão mais ou menos expostas a radiação solar. Veja na Figura 4, abaixo:

Figura 4: classificação de Fitzpatrick
Em resumo, quanto menor o fototipo, maior o risco de danos da radiação solar a pele e maior o risco de desenvolver câncer de pele durante a vida.

Figura 5: aumento do risco de câncer de acordo com a cor da pele / fototipo
Então pessoas com a pele mais escura não precisam passar protetor solar? Apesar de menores chances de câncer de pele nas pessoas fototipo VI e V, também é recomendado o uso de protetor solar, com FPS de pelo menos 20.
Outros fatores de risco:
- Doenças genéticas como o xeroderma pigmentoso e síndrome de Gorlin-Goltz (ou síndrome do nevo basocelular).
- Histórico familiar de câncer de pele
- Imunodeprimidos (portadores do vírus HIV sem tratamento, doenças linfo proliferativas, transplantados ou usuários de medicações para doenças autoimunes)
- Áreas de cicatrizes prévias na pele
- Profissões com exposição contínua ao sol ao longo da vida
- Exposição a câmeras de bronzeamento artificial
Sinais e sintomas do câncer de pele
É comum que, com a idade, nossa pele apresente marcas da exposição solar. A idade em que essas marcas aparecem depende da quantidade de radiação solar acumulada durante a vida. Estas marcas podem ser manchas marrons, negras ou casquinhas que chamamos de ceratose actínia, como demonstrado na Figura 6. Pessoas com essas características indicam uma pele com alto risco de desenvolver câncer de pele.

Figura 6: mostra a pele da mão com áreas de ceratose actínica (alterações tardias da exposição à radiação solar). Lesões de ceratose actínica podem se desenvolver e virar um câncer de pele.
Neste momento, já é aconselhável fazer acompanhamento com algum médico que possa examinar com uma certa frequência e realizar tratamentos se necessário.
É muito importante sempre fazer o autoexame e olhar toda a pele. Na região das costas pode ser necessário pedir para alguma pessoa próxima sempre estar acompanhando. Fique atento a estes sinais:
- Feridas que não cicatrizam
- Feridas que sangram
- Manchas que cresceram e mudaram de cor
- Manchas violáceas, róseas e que se elevam na pele
- Feridas que surgiram em um local que existia uma cicatriz prévia
Veja abaixo exemplos de cada tipo de câncer de pele não melanoma:

Figura 6: lesão rósea, elevada nas bordas e depressiva no centro, com formação de pequenos vasos sanguíneos, sugerindo um carcinoma basocelular.

Figura 7: lesão com aspecto de ferida, bordas elevadas e ulceração no centro que pode sangrar ao toque, sugerindo um carcinoma espinocelular.

Figura 8: lesão de aspecto violáceo e avermelhada, nodular, com aspecto inflamatório da pele, sugerindo um carcinoma de células de Merkel.
Tratamento do câncer de pele
O principal tratamento e com melhores resultados é a cirurgia, e sempre que possível deve ser considerada como a primeira escolha.
A cirurgia quando atinge o objetivo de retirar toda lesão com margens de segurança, possui uma chance de cura de mais de 90%. Tal resultado acontece quando a análise da peça cirúrgica contém margens laterais e profunda livres, ou seja, sem células de câncer, sugerindo que a lesão foi completamente retirada.
Nestes casos a cirurgia é, muitas vezes, o único tratamento necessário. Existem outros tratamentos alternativos com medicações locais e radioterapia que podem tratar algumas lesões, mas com alto risco de recidiva local (voltar no mesmo lugar depois de algum tempo).
A cirurgia deve ser realizada por um profissional com experiência, pois além de retirar o câncer com segurança, muitas vezes é necessário realizar retalhos de pele no local para fechar a área em que se retirou a lesão, como mostrado na Figura 9. O cirurgião oncológico é um destes especialistas com formação adequada para realizar este tipo de cirurgia.

Figura 9: exemplo de cirurgia para câncer de pele localizado na ponta nasal, em que foi necessário realizar a técnica cirúrgica com retalho de pele.
Fonte: livro “Local flaps in head and neck reconstruction – secund edition”
Prognóstico do câncer de pele
Quando falamos de prognóstico, significa basicamente as chances que temos de tratar com sucesso o câncer de pele. De uma forma mais simples: qual a chance do tratamento dar certo?
O câncer de pele não melanoma, de modo geral, tem um bom prognóstico. A grande maioria das lesões tratadas são descobertas em fase inicial e, portanto, são submetidas a cirurgia e ficam livres da doença.
Quando analisamos cada tipo de câncer de pele, vemos que o carcinoma basocelular é o tipo com melhor prognóstico, pois ele se desenvolve muito lentamente e não tem o costume de dar metástases para outros lugares. Sua principal característica é voltar no mesmo lugar (alta taxa de recidiva local), e isso acontece principalmente quando não conseguimos retirar a lesão com margens de segurança.
O carcinoma espinocelular também é, na maioria das vezes, descoberto em fases iniciais, entretanto ele pode evoluir em alguns casos para metástases, principalmente em lesões grandes e que demoraram para ser descobertas.
Por outro lado, o carcinoma de Merkel é muito mais agressivo e com prognóstico pior que os outros. Frequentemente podemos encontrar metástase no diagnóstico e seu tratamento deve ser realizado com maior urgência que nos outros casos.
Prevenção do câncer de pele
Quando falamos de câncer de pele, a principal prevenção é em relação aos cuidados com a radiação solar. Como vimos, pessoas com fototipo I, II e III tem maiores riscos de danos na pele consequentes a exposição solar.
Portanto é primordial o uso de protetor solar nesta população. É recomendado o uso de protetores com FPS (fator de proteção solar) de pelo menos 30 e reaplicações a cada 2 horas, principalmente quando a exposição solar é contínua ou em contato com a água.
Roupas com proteção UV podem ajudar a diminuir a absorção da radiação na pele. A exposição solar é menos danosa quando realizada antes das 10h da manhã e após as 16h da tarde, quando a emissão de radiação solar é menor.
Além disso, é muito importante o autoexame da pele e consultas de rotinas com um médico especialista, como um cirurgião oncológico, para avaliar lesões da pele suspeitas e retirá-las se necessário.
Sempre que tiver dúvidas procure um médico. Doutor Hugo é cirurgião oncológico, atende pacientes com câncer de pele e faz prevenção e tratamento cirúrgico quando necessário.
Fique atento as recomendações. Se gostou deste artigo compartilhe com amigos, familiares e pessoas que podem se interessar sobre este assunto.
Para saber mais sobre câncer, continue lendo nossos outros artigos.
Referências:
https://www.atlasdermatologico.com.br/index.jsf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7180973/
https://www.nccn.org/patients/guidelines/content/PDF/squamous_cell-patient.pdf
https://www.nccn.org/patients/guidelines/content/PDF/basal-cell-patient-guideline.pdf
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